quarta-feira, 8 de março de 2017

O sol é para todos - Harper Lee

A história nos é contada pela personagem Scout, que já adulta (ou mais velha) relembra os fatos que acompanharam a época em que o pai dela defendeu um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca. Isso lá nos anos de 1930, onde o racismo e a segregação americana estavam no auge. Atticus, o pai, sendo um advogado branco, sofre retaliação e acusações da comunidade branca e conservadora do local, que não aceita que ele defenda um homem negro. Scout narra o seu cotidiano, suas brincadeiras, seus primeiros dias na escola e também o tal caso em que seu pai é advogado, sendo justamente o clímax da historia, o julgamento.

O tema principal abordado nesse livro é o racismo, sem dúvida. Mas as partes mais lindas e inesquecíveis são aquelas que tratam da infância da personagem Scout, as brincadeiras, as férias escolares, os amigos de infância. O universo dos adultos também é mostrado através do olhar da personagem, que ganha novo significado com o ponto de vista doce, infantil e ingênuo dela.

O personagem mais interessante é o pai, Atticus. Um senhor já quase idoso, viúvo, muito bem quisto na comunidade, e que está determinado a fazer o que é certo, mesmo que não seja o esperado pelas pessoas com quem convive. Um personagem de várias camadas, que conquista pela coragem e lucidez, embora também cometa erros.

Não poderia deixar de falar da belíssima metáfora do título original: How to kill a monckinbird. Que faz referência a covardia que se comete matando passarinhos por esporte, associada a uma morte injusta que ocorre no livro. É tocante!  

É um livro muito sensível, um drama que arranca lágrimas, mas que foge do novelesco e da pieguice. É um livro encantador.

A parte final é belíssima, mostra o amadurecimento de Scout. É de uma sensibilidade gigante. Um dos momentos mais lindos que já li. É um livro formidável, que desperta vários sentimentos e sensações. Que pedi uma releitura assim que é acabado. É por isso que é um livro que mesmo tão jovem, já é um clássico.


"-Bem, muita gente pensa que elas é qu'tão certas e 'ocê é qu'tá enganado...
          -Elas tem todo o direito de pensar dessa forma, como também tem o direito a que as suas          
          opiniões sejam respeitadas - disse Atticus - mas antes de viver com outros, tenho de viver      
         comigo próprio. E a única coisa que se sobrepõe à regra da maioria é a nossa consciência." 

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